quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Erotic Travelers: Fit me in Your Lies


Aqueles acordes que te dizem "guitarra" e nada mais, e uma progressão que diz "rock" e nada mais. É verdade que esse rock e essa guitarra mostram-se na história, são de um rock retrô de uma década atrás. Até que surge um baixo entubado num cano de metal e nada mais. Um pequeno cubo de interesse, sem serifas musicais.


O vocal ganha 1 ponto pelas pausas pois estilo pronto não ganha ponto nesse blog, 1 ponto pela articulação promovida pelo baixo e 1 ponto pelo sentido de conflito sem redenção. Obviamente, temos uma longa e cumprida coda que merece seu pontinho.


Nota: 4


                          https://erotictravelers.bandcamp.com/track/fit-me-in-your-lies


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Tetine: Entertainment N249


O underground já foi o eletrônico, conseguir aqueles sons mecânicos, precisos e espectrais, brutos, rosa, branco, cinza, noise. O eletrônico não é mais o underground. Apenas o underground pode isso, tornar o eletrônico algo falso para sentir-se novamente subterrâneo. O underground já foi o rock, com guitarra. A guitarra falsa tremula entre o falso som concreto e o falso som eletrônico, sob um sol niilista ou sob a lua em noites de eclipse. 


2 pontos pela guitarra, do começo ao fim, 1 ponto pelos eletrônicos descontextualizantes, e os contextualizados, 1 ponto pelos vocais, 1 ponto pelo audiovídeo de ultrarealismo digital, 1 ponto pela introdução e 2 pontos pela coda em 'fade out' que produz a transubstancialização da guitarra em relógio despertante, em mundo laico em sólida vida. 


Nota: 8




quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Boogarins: Lucifernandes


Quando viajamos encontramos uma única vez na vida cada uma dessas pessoa que topamos. Você conversa, algumas coisas mudam, não lembra mais do que falaram, não lembra dos rostos, dos nomes, você apenas se move adiante e mantém-se mais sensível à existência das pessoas e a seu próprio estado mutante. Os rostos esquecidos dos anos 60, começo a me sentir assim, mas com o sol na cara.  


Vale 1 ponto essa introdução com um motivo repicante, vale também 1 ponto a melodia vocal, sinuosa, obnubilosa, têm 1 ponto também para a fotografia/sonoridade, o clipe funcionou, O bônus... vc sabe, é para a coda, e os sons eletrônicos estão todos impecavelmente bem colocados, o bônus não é duplo porque não sei o que aconteceu com o ataque desse prato.


Nota: 5



segunda-feira, 25 de julho de 2016

Juliana Perdigão e os Kurva: Mãe da Lua


A ave de nome Urutau (mãe da lua) emana cantos de profundo lamento por perdas de entes muito queridos. A perda absoluta provocada pela morte nunca se fecha. Mas nem toda perda é dor e nem toda dor é para findar; a dor de se tornar uma fruta madura e pender ao chão é recompensada porque vale a pena tornar-se adulto, tornar-se profissional naquilo que se faz. O parnasiano e o simbolista caminham pela canção e estou soando muito sério hoje, um cocheiro bêbado de Rimbaud finaliza com o teclado.


Um ponto para a bateria impecável, um ponto para a combinação letra melodia, um ponto para a imbricação da forma com esse refrão intercalado pelo tema, um ponto pelo eclipse lunar! O bônus é duplo porque temos um álbum, e pela concisão sonora absurda que até dificulda falar isoladamente dos instrumentos.


Nota: 6




sábado, 16 de julho de 2016

Carne Doce: Idéia


Um som qualquer, um acorde qualquer, qualquer coisa por um tempo e um desconcertante quilo de instrumento humano que canta. É muito urgente, é muito urgente quando existe música pelas quatro paredes e por todo um álbum. Álbum existe. E existe um estado entre o realismo sólido e o tético fissurado.


Um ponto para a banda e suas sutis inflexões, três pontos para essa coisa entre voz, som e artista, um ponto pelo sui generis e bônus duplo pela letra, pelo impávido e por soar como coisa a ser dita. 


Nota: 7







segunda-feira, 11 de julho de 2016

Diego de Moraes e O Sindicato: Todo Dia


Esvaziar todo o seu luxo, seu ego e sua pretensa fantasia de alta cultura impressa nessas roupas e produções de vídeo com harmonias gentis nessa música que não passa de trilha sonora de operadora de celular. Não confio nessa amizade; o cru e a azia continuam melhores do que o guisado dos novos tempos. Falando de coisa séria, todo mundo pensa que estamos na era onde tudo é colagem. Então se eu colo duas fitas magnéticas pensam que minha musica é colagem. Não. Colagem foi a técnica que tu usou, isso não quer dizer que soa colado. Escutar uma colagem é coisa rara no ambiente florestal urbano, trouxemos um espécime aqui para vocês.


Um ponto pela letra "aceito aceitar", um ponto pelas colagens, um ponto pela forma lenta e paciente, e um bônus, pela meninice, pelo serialismo despretensioso e àquela anti-coda similar a tomorrow never knows.


Nota: 4



segunda-feira, 4 de julho de 2016

Alarde: Vida Bandida


Estamos vivendo uma época de bandas de plástico com letras de papel manteiga derretida, mas o menu sem frescuras sonoras ainda existe. Nada substitui os fatos irmão. Nada substitui ter estado em todas as bocas e visto todo tipo de vida, as que deram certo e as que deram errado, irmã. Não precisa muito para fazer a coisa funcionar onde ela têm que funcionar, não deixe a harmonia te transportar três décadas atrás, só isso, e conte sua história.

Um ponto pela harmonia arpejada, um ponto por esse vocal pano de chão, um ponto pelo que a letra consegue fazer. A coda ficou curta, mas junto com a ambiguidade da frase "fora dessa vida bandida" e por esquivarem do rótulo "pop rock brasil" ganham um bônus!


Nota: 4